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A Magia por trás dos créditos iniciais

Ilustradores famosos, música com vocais, Frank Sinatra e muita história.

Descubra detalhes sobre uma das aberturas mais memoráveis da história da TV

por: Daniel Henares



Uma feiticeira sentada em uma vassoura cruza a lua e desliza pelo céu em uma noite estrelada; ela tira sua cartola e com um gesto mágico mexe o nariz para se transportar para uma cozinha. Ela se transforma em um gato que pula no colo de um homem e volta à sua forma humana quando uma nuvem de fumaça toma conta da cozinha.



Há quase 60 anos a audiência se encanta com este que é um dos créditos iniciais mais memoráveis da história da televisão. Não é pra menos, as ilustrações são da renomada Hanna Barbera Productions, que por mais de 30 anos foi responsável pela criação de desenhos mundialmente famosos como Scooby-Doo, Os Jetsons, Tom & Jerry, Corrida Maluca, Os Flintstones e muitos outros. Com esta coleção de sucessos, o estúdio ganhou 7 Oscars, 8 Emmy Awards e 1 Globo de Ouro.



Na época, a Screen Gems, uma braço da Columbia Pictures e produtora responsável por A Feiticeira, também detinha uma participação de 20% do estúdio de animação e atuava como distribuidora de seus desenhos, o que explica a parceria.




A coparticipação entre os estúdios também rendeu um crossover quando Samantha e Darrin apareceram em um episódio de Os Flintstones, também exibido pela emissora ABC. Em 22 de outubro de 1965, o episódio entitulado Samantha foi ar com as vozes de Elizabeth Montgomery e Dick York dublando seus respectivos personagens.



Outros membros do elenco de A Feiticeira também cederam suas vozes para produções de Hanna Barbera: Sandra Gould, que interpretava a vizinha Gladys Kravitz, dublou 3 personagens em diferentes episódios de Os Flitstones, já Agnes Moorehead deu voz ao ganso e Paul Lynde ao rato Templeton no filme A Menina e o Porquinho (Charlotte's Web) de 1972, Lynde também dublou Mildew em 17 episódios de A Turma da Gatolândia (Cattanooga Cats) em 1969.



Ainda assim, créditos iniciais animados, não foram uma inovação de A Feiticeira. Em 1951, Lucille Ball e seu esposo Desi Arnaz, protagonistas do clássico I Love Lucy, tinham suas simpáticas versões em cartoon nos créditos e publicidades do seriado. Mesmo caso de outros sitcoms como The Danny Thomas Show (1953) e The Hooneymooners (1955).


Ilustrações vistas em I Love Lucy

Apesar de a animação e desenhos de A Feiticeira serem muito mais elaborados do que de suas antecessoras, Elizabeth Montgomery, protagonista da série e uma entusiasta de ilustrações, achava o resultado final pouco refinado e carente de detalhes, ela nunca foi uma grande admiradora dos créditos iniciais da série.



Em 15 de setembro de 1966, quando a transição de cores chegou e os episódios deixaram de ser exibidos em branco e preto, não apenas o time de produção, cenografia e figurino precisaram se adaptar à nova tecnologia, mas as ilustrações dos créditos iniciais também.


Após ganhar cores, algumas mudanças ficaram visíveis na transição, com destaque para a cor do gato e azulejos da cozinha. Em 1969, quando Dick York foi substituído por Dick Sargent no papel de Darrin, a abertura foi alterada e além desta mudança os créditos também ganharam uma intro que já anunciava o nome de sua protagonista, Elizabeth Montgomery, em seus primeiros segundos. Em sua exibição original, as logos dos anunciantes também eram inseridas durante a abertura da série.



Para o tema de abertura, a primeira opção do estúdio foi a canção Witchcraft na voz do cantor Frank Sinatra, mas os encargos que viriam dos direitos autorais seriam altos demais e a ideia foi descartada. Então, os compositores Jack Keller e Howard Greenfield ficaram encarregados pela composição do tema. Juntos, eles colecionam a criação de clássicos da música pop das décadas de 50 e 60, além de sucessos da TV como A Noviça Voadora, Gidget e Hazel. Com o prazo apertado, a dupla teve apenas uma semana para escrever a canção, gravar sua versão demo e enviá-la para a Los Angeles.



O tema musical A Feiticeira foi originalmente composto com letras para acompanhar a marcante melodia dos trompetes, mas a versão cantada não ficou pronta a tempo da estreia, com isso a abertura se tornou totalmente instrumental e foi orquestrada pelo compositor-regente da série, Warren Barcker.



Durante o segundo ano, os produtores cogitaram a possibilidade de incluir uma versão cantada nos créditos iniciais, mas recuaram na hora de desembolsar US$2.500, valor cobrado pelo cantor Jerry Vale para cantar o curto trecho apresentado na abertura.


Posteriormente, com o sucesso estrondoso da série, talentos como Jimmy Smith, Steve Lawrence e Peggy Lee gravaram o tema e lançaram em vinil. Ainda assim, elas nunca foram absorvidas nos créditos iniciais, que se manteve instrumental durante os 8 anos de exibição do seriado.




Warren Backer foi o responsável por dar a série uma alma musical, são dele as canções orquestradas, os efeitos sonoros e, claro, o marcante toque de xilofone que acompanha o movimento mágico do nariz de Samantha.


Uma versão cantada do tema de abertura foi apresentada em rede nacional no The Hollywood Palace, um programa de variedades que foi ao ar na ABC de 1964 a 1970 e a cada semana, um apresentador diferente o comandava.


Em 1º de outubro de 1966, Elizabeth Montgomery foi a apresentadora do terceiro episódio da quarta temporada do programa.


Durante o show, ela fez uma bela entrada acompanhada por bailarinos enquanto o tema A Feiticeira era tocado em sua versão cantada.


Nós celebramos o time criativo por trás as músicas e letra de A Feiticeira relembrando a apresentação de Elizabeth cercada pelo corpo de baile do programa.





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